RESSURREIÇÃO DE JESUS – Jo 20, 1-9

Evangelho do dia comentado por professores da Universidade de Navarra

Fonte: http://www.opusalegria.com.br/evangelho-do-dia/evangelho-do-dia-mes-de-abril-de-2012/

Resurreccion_Prado

08.04.2012 – Jo 20, 1-9

No primeiro dia da semana, vem Maria de Magdala, de manhãzinha, ainda escuro, ao túmulo e vê a pedra retirada do túmulo. 2Corre então e vai ter com Simão Pedro e com o outro discípulo aquele que Jesus amava. Tiraram o Senhor do Túmulo, lhes diz ela, e não sabemos onde O puseram. 3Pedro saiu com o outro discípulo e vieram ambos ao túmulo.

4Corriam os dois juntamente, mas o outro discípulo antecipou-se, correndo mais depressa do que Pedro, e chegou primeiro ao túmulo. 5Debruçando-se, viu as ligaduras no chão, mas não entrou. 6Entretanto, chega também Simão Pedro, que o vinha seguindo, e entrando no túmulo, põe-se a observar as ligaduras que estavam no chão, 7e o lençol que estivera sobre a cabeça de Jesus, não colocado no chão com as liga­duras, mas à parte, enrolado para outro sítio. 8Nessa altura, entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao túmulo: então viu e acreditou. 9De fato, ainda não tinham entendido a Escritura, segundo a qual Ele deve ressuscitar dos mortos.

 

Comentário

1-2. Os quatro Evangelhos narram os primeiros tes­temunhos das santas mulheres e dos discípulos acerca da Ressurreição gloriosa de Cristo. Tais testemunhos refe­rem-se, num primeiro momento, à realidade do sepulcro vazio (cfr Mt 28,1-15; Mc 16,1 ss.; Lc 24,1-12). Depois rela­tarão diversas aparições de Jesus Ressuscitado.

Maria Madalena é uma das que assistiam o Senhor nas Suas viagens (Lc 8,1-3); junto com a Virgem Maria seguiu-O corajosamente até à Cruz (Ioh 19,25), e viu onde tinham depositado o Seu Corpo (Lc 23,55). Agora, uma vez passado o repouso obrigatório do Sábado, vai visitar o túmulo. No­temos o pormenor evangélico: «De manhãzinha, ainda es­curo»: o amor e a veneração fazem-na ir sem demora junto ao Corpo do Senhor.

4. O quarto Evangelho põe em realce que, ainda que fossem as mulheres, e em concreto Maria Madalena, as primeiras a chegar ao sepulcro, são os Apóstolos os pri­meiros a entrar e a perceber os pormenores externos que mostram que Cristo ressuscitou (o sepulcro vazio, os tecidos «caídos», o sudário à parte). Dar testemunho deste fato será ponto essencial da missão que lhes confiará Cristo: «Sereis Minhas testemunhas em Jerusalém… e até aos confins da terra» (Act 1,8; cfr Act 2,32).

5-7. João, que chegou antes — quiçá porque era mais jovem —, não entrou, por deferência para com Pedro. Isto insinua que já então Pedro era considerado como cabeça dos Apóstolos.

As palavras que emprega o Evangelista para descrever o que Pedro e ele viram no sepulcro vazio exprimem com vivo realismo a impressão que lhes causou o que ali encontraram, e como ficaram gravados na sua memória alguns porme­nores à primeira vista irrelevantes. As características que apresentava o sepulcro vazio foram até tal ponto significativas que os fizeram intuir de algum modo a Ressurreição do Senhor. Alguns termos que aparecem no relato necessitam de ser explicados; a simples tradução dificilmente pode exprimir todo o conteúdo.

«As ligaduras no chão»: O particípio grego que traduzimos por «caídas» ou «no chão» parece indicar que as ligaduras tinham ficado aplanadas, como vazias ao ressuscitar e desa­parecer dali o corpo de Jesus, como se Este tivesse saído dos tecidos e das ligaduras sem ser desenroladas, passando através delas (tal como entrou mais tarde no Cenáculo «estando fechadas as portas»). Por isso, os tecidos estavam «caídos», «planos»,«jacentes» segundo a tradução literal do grego, ao sair deles o Corpo de Jesus que os tinha mantido antes em forma avultada. Assim se compreende a admiração e a recordação indelével da testemunha. «O lençol… à parte, ainda enrolado para outro sítio»: A primeira observação é que o sudário, que tinha envolvido a cabeça, não estava em cima dos tecidos, mas ao lado. A se­gunda, mais surpreendente, é que, como os tecidos, conser­vava ainda a sua forma de envoltura, mas, de modo diferente daqueles, mantinha certa consistência de volume, à maneira de casquete, provavelmente devido ao endurecimento pro­duzido pelos unguentos. Tudo isso é o que parece indicar o correspondente particípio grego, que traduzimos por «en­rolado».

Destes pormenores na descrição do sepulcro vazio de­preende-se que o corpo de Jesus ressuscitou de maneira gloriosa, isto é, transcendendo as leis físicas. Não se tra­tava apenas da reanimação do corpo, como por exemplo, no caso de Lázaro, que necessitou de ser desligado das ligaduras e outros tecidos da mortalha para poder andar (cfr Ioh 11,44).

8-10. Como lhes tinha dito Maria Madalena, o Senhor não estava no sepulcro; mas os dois Apóstolos deram-se conta de que não podia tratar-se de um roubo, como ela supunha, pois viram que os tecidos e o sudário se encontravam colocados de um modo especial (cfr a nota a Ioh 20,5-7); ao vê-los assim começaram a compreender o que tantas vezes lhes tinha explicado o Mestre acerca da Sua Morte e Ressurreição (cfr Mt 16,21; Mc 8,31; Lc 9,22; etc.; cfr, além disso, as notas a Mt 12,39-40 e Lc 18,31-40).

O sepulcro vazio e os outros dados que o acompanham são sinais perceptíveis pelos sentidos; a Ressurreição, pelo contrário, ainda que possa ter efeitos comprováveis pela experiência, requer a fé para ser aceite. A Ressurreição de Cristo é um fato real e histórico: nova união do corpo e da alma de Jesus. Mas, sendo uma Ressurreição gloriosa — não como a de Lázaro—, que está muito acima do que pode­mos apreciar nesta vida, e supera, portanto, os limites da experiência sensível, requer-se uma ajuda especial de Deus — o dom da fé — para conhecer e aceitar com certeza este fato que, ao mesmo tempo que é histórico, é sobre­natural. Portanto, pode dizer-se com São Tomás de Aquino que «cada um dos argumentos de per si não bastaria para demonstrar a Ressurreição, mas, tomados em conjunto, manifestam-na suficientemente; sobretudo pelo testemunho da Sagrada Escritura (cfr especialmente Lc 24,25-27), pelo anúncio dos Anjos (cfr Lc 24,4-7) e pela palavra de Cristo confirmada com milagres» (cfr Ioh 3,13; Mt 16,21; 17,22; 20,18) (Suma Teológica, III, q.55, a. 6 ad 1).

Além das predições de Cristo acerca da Sua Paixão, Morte e Ressurreição (cfr Ioh 2,19; Mt 16,21; Mc 9,31; Lc 9,22), já no Antigo Testamento estava anunciado o triunfo glorioso do Messias e, de certo modo, a Sua Ressurreição (cfr Ps 16,9; Is 52,13; Os 6,2). Os Apóstolos começam a com­preender o verdadeiro sentido da Sagrada Escritura depois da Ressurreição do Senhor, e mais especialmente quando recebem o Espírito Santo, que ilumina plenamente as suas inteligências para compreender o conteúdo da Palavra de Deus. É de supor a surpresa e o alvoroço de todos os discí­pulos ao ouvir contar a Pedro e a João o que tinham visto no sepulcro.

Postado em: https://carloslopesshalom.wordpress.com/

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